
Professores portugueses cada vez melhor preparados para integração das TIC
O nível de preparação dos professores portugueses para a integração das Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) nas escolas aproxima-se da média do conjunto dos países-membros da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), revelou o relatório “OECD Skills Outlook 2019: Thriving in a digital world”. Países como a Austrália e a Finlândia apresentam os professores melhor preparados nesta matéria, contrariamente a países como a Estónia e a Grécia, que apresentam níveis inferiores à média da OCDE, conforme demonstrou o relatório divulgado na semana passada.
Capacitar os alunos de ferramentas TIC surge no documento como uma “importante estratégia” na preparação dos “estudantes para o sucesso num mundo complexo e digital”. Esta preocupação está presente no eixo Educação do INCoDe.2030, assim como o objetivo de educar as camadas mais jovens da população através do estímulo e reforço nos domínios da literacia digital e das competências digitais em todos os ciclos de ensino e de aprendizagem ao longo da vida.
Na educação primária e secundária tem-se assistido a uma ampliação dos programas curriculares, incluindo competências digitais ou éticas, matéria na qual a OCDE destaca o caso de Portugal, que em 2017 introduziu o “Perfil dos Alunos à Saída da Escolaridade Obrigatória”, ao definir os conhecimentos, competências e valores a serem adquiridos por todos os alunos ao concluírem o ensino secundário. “O documento tem como foco a habilidade de navegar corretamente num mundo complexo, através de pensamento crítico, resiliência e capacidade de aprender ao longo da vida”, refere a OCDE.
Mas após a escola e para os que já trabalham há mais tempo é necessário que as competências digitais se adaptem ao mercado de trabalho. Neste âmbito, a OCDE aponta que o sistema de educação “destinado a trabalhos manuais e rotineiros tornou-se desatualizado”, acrescentando que é preciso modernizar os sistemas educativos para melhor preparar os alunos no momento de entrada no mercado de trabalho, que é “cada vez mais exigente”, uma posição partilhada pelo INCoDe.2030 a partir do eixo Qualificação. Perante a falta de competências TIC aliada à rápida transformação digital, “a maioria dos trabalhadores precisa de ajustar as suas competências com recurso a formação ou aprendendo no local de trabalho”, refere a OCDE.
Outros dados do relatório dão conta da conectividade à Internet e neste contexto, em Portugal mais do que uma em cada cinco habitações não têm acesso a Internet de banda larga, o que é justificado por 70% das famílias portuguesas que não têm acesso, pelo facto de não disporem das competências necessárias à utilização da mesma. A abordagem a esta realidade está refletida no eixo Inclusão, com o objetivo de assegurar a generalização do acesso equitativo às tecnologias digitais a toda a população, para obtenção de informação, comunicação e interação.
Uma vez que “a promessa da digitalização esconde a ameaça de que pode aumentar as desigualdades e criar outras novas”, a conjugação dos eixos do INCoDe.2030 é essencial para garantir que estes riscos são considerados na evolução da era digital. A aprendizagem ao longo da vida é, segundo o relatório da OCDE, necessária em todos os países e “significa reduzir as desigualdades nas oportunidades de aprendizagem, adaptar os currículos escolares às necessidades das competências – incluindo competências digitais –, fornecer aos professores a melhor preparação possível, e criar sistemas de formação de adultos que respondam ao mercado de trabalho”.