
Índice de digitalidade 2017
A comissão Europeia publicou o índice de digitalidade 2017 – competências digitais em Portugal estão cristalizadas.
A evolução e as assimetrias na incorporação das Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC) entre os vários setores da sociedade portuguesa podem ser avaliadas através do Índice de Digitalidade da Economia e da Sociedade (DESI – Digital Economy & Society Index). Este índice compósito é apresentado anualmente, desde 2014, pela Comissão Europeia no âmbito do Mercado Único Digital (Digital Single Market). Composto por cinco dimensões (conetividade, capital humano, utilização da internet, integração das TIC e serviços públicos digitais), possibilita, para além da avaliação individual de cada país membro, a comparação entre todos os países que fazem parte da União Europeia.
Atualmente, o DESI é composto por 31 indicadores individuais, provenientes dos dados estatísticos oficiais de cada um dos países comunitários. Estes indicadores estão agrupados em sub-dimensões e estas, por sua vez, agrupadas nas cinco dimensões anteriormente mencionadas. Os resultados reportados em 2017 colocam Portugal numa posição intermédia entre os países da EU28 (15ª posição com índice geral de 0,53 duma escala que vai até 1). Apesar de Portugal apresentar crescimento anual do índice, quando comparado com os anos anteriores, a posição relativa aos estados membros não tem reportado esta evolução.
Para perceber a evolução que Portugal tem apresentado, precisamos conhecer as cinco dimensões do DESI. A primeira está relacionada com a conetividade, ou seja, estão aqui agrupados os indicadores relacionados com a estrutura física da Internet (ex. conexão, velocidade) e a sua apropriação pela sociedade (ex. adesão, preço/custo de adesão). O índice geral encontrado para esta primeira dimensão (índice 0,67) coloca Portugal na 10ª posição entre os 28 países comunitários. O melhor desempenho de Portugal nesta dimensão está na subscrição de ligação à Internet em Redes de Nova Geração (NGA), onde estamos na 5ª posição. Já o pior desempenho está relacionado com o número de subscrição de banda larga móvel, onde ocupamos a 26ª.
A segunda dimensão do DESI está relacionada com o Capital Humano onde se encontram os indicadores relacionados com a utilização da Internet e as competências digitais da população. Nesta dimensão Portugal tem o seu pior desempenho e ocupa a 22ª posição entre os países comunitários.
Na terceira dimensão estão os indicadores associados à Utilização da Internet. Portugal tem evoluído numa velocidade inferior quando comparada aos outros países comunitários, o que resulta numa 19ª posição, quando em 2014 era 15ª. Para exemplificar esta lenta evolução, o melhor resultado entre os indicadores desta dimensão encontra-se no indicador de utilização das redes sociais (entre todos os utilizadores da Internet) o que posiciona Portugal na 9ª posição em 2017. No entanto, esta posição já foi, em 2014, a 2ª entre todos os países comunitários.
A quarta dimensão apresenta a Integração das tecnologias digitais nas empresas. Estes indicadores relacionam-se com a utilização das TIC pelo setor económico, excetuando-se o setor financeiro. Nesta dimensão Portugal ocupa a 9ª posição entre os 28 países, mas ainda encontra margem de progresso em alguns domínios. O melhor resultado nesta dimensão encontra-se no indicador que representa a utilização de tecnologias RFID (Radio-Frequency IDentification) nas empresas, que coloca Portugal na 2ª posição entre os países comunitários. A pior posição está no indicador da utilização de serviços em Cloud pelas empresas, que fica pela 18ª.
A quinta e última dimensão é composta por indicadores que apresentam a disponibilidade e a interação dos serviços públicos em linha. Nesta dimensão Portugal ocupa a 9ª posição, sendo a única das cinco dimensões onde o desempenho do país se agravou relativamente ao ano anterior. Este resultado pode ser explicado, em parte, pela fraca prestação nos domínios dos dados previamente preenchidos em formulários em linha e da utilização de dados abertos. No entanto, entre os quatro indicadores que compõem esta dimensão, todos os outros estão bem acima da média europeia.
O DESI mostra-nos com clareza onde estão os nossos pontos fortes mas também as nossas fraquezas. O governo português tem consciência que não pode ter um serviço de administração pública digital “by default” e que o mesmo sucede no âmbito da economia, mas é preciso levar mais portugueses a experimentar os benefícios da Internet; é preciso cuidar com maior rigor e exigência das competências digitais básicas dos portugueses, em linha com o que está a ser feito na Europa e no Mundo, indo ao encontro dos que não as têm, de todo, mas também aprimorar, aumentar e certificar as qualificações digitais da população portuguesa em geral. Só este equilíbrio entre oferta e procura digitais permitirá a Portugal retirar da sociedade da informação e do conhecimento todo o seu potencial de participação e inclusão em sociedade, respeitando as diferenças e fornecendo sempre equivalentes alternativos para que ninguém se sinta excluído.